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domingo, 2 de novembro de 2014

Amamentar...ai..ui

Pouco após o nascimento, a Bel foi levada pro meu colo. Lembro que ela foi por instinto; fuçando, fuçando, no rumo da teta, e quando encontrou por ali ficou. Achei incrível! Lembro de comentar que ela parecia um zumbizinho que ia, ceguinho, no rumo do cérebro: Brains! Brains! - quem lembra?
Mas, mesmo assim, eu me sentia insegura. Será que eu tô fazendo direito? Será que ela tá mamando certo? Chamei as enfermeiras mais de uma vez pra confirmarem que estava tudo certo. Então tá, né?
Aqui faço uma pausa pra informar que os dias na maternidade foram idílicos. Eu acreditei nas propagandas de margarina...
De volta à realidade, em casa, o tormento começou. Talvez porque foi o tempo que levou pros seios machucarem, afinal, eu nunca tinha dado de mamar antes. De qualquer forma, doía. Doía muito. Lembro de que alguma vezes, a Bel começava a sugar e minhas lágrimas começavam a escorrer pelo rosto. Eu tinha medo de que não aguentasse mais na próxima mamada. Cada vez ia sentindo mais medo da próxima mamada...pode? Pode. Pra minha sorte, eu tinha comprado uma bombinha de tirar leite já me preparando para a volta ao trabalho. Tive a brilhante idéia de começar a tirar o leite do peito pra então revezar as mamadas. Umas eu dava "direto da fonte", outras pela mamadeira. Assim, eu conseguia um tempinho a mais para recuperar os seios. A pomadinha Millar também me ajudou bastante nesse processo. Também li por aí que o próprio leite materno é um ótimo cicatrizante. Então, eu também passava um pouco no bico do seio a cada final de mamada. Funcionou. Outra coisa, eu nem fazia idéia da tal "confusão de bicos" que as crianças podem ter ao usar mamadeiras e mamar no peito ao mesmo tempo. Pra minha sorte, a Bel não teve isso. Costumava dizer que ela era total-flex. O que desse pra ela, ela mamava.
O primeiro mês foi punk assim. Cheio de tentativas, morrendo de medo de falhar. Queria muito dar de mamar pra Bel pelo menos até os 6 meses. Perdi as contas das vezes em que tive certeza que meu leite ia acabar. E o Hugo sempre me acalmava...mas eu sabia, tinha certeza! A gente fica meio (só meio) louca com a maternidade, né?
Teve, inclusive, uma cena hilária por conta dessa minha certeza de que tinha pouco leite. Numa das consultas com o pediatra (é Hugo, vou contar...) eu reclamnei que tinha pouco leite e blá blá blá. Ele então, pediu licença e perguntou se podia apalpar minha mama. Eu, prontamente, disse que sim. Essa é outra coisa estranha na maternidade: a gente perde a vergonha. Então, ele chamou o Hugo pra perto e começou a apertar meu peito de forma que jorravam vários jatos de leite direto na cara do Hugo. Eu fiquei incrédula! E o Hugo não conseguia nem falar com tanto leite na cara! E o pediatra: Eu tô fazendo isso (e continuava a apertar) pra vocês dois não esquecerem! É pra marcar mesmo! Quando pensarem que ela não tem leite, lembrem dessa cena!#morri
Então, realmente eu tinha leite. Bastante. Mas era mega insegura. Então, até o fato de dar algumas mamadas de leite materno com a mamadeira ajudavam a diminuir minha ansiedade porque ali eu sabia certinho quanto ela estava mamando.
Até mais ou menos o terceiro mês, não foram flores. A fase da dor tinha passado. Mas a Bel teve uma outra fase (e quantas outras ainda...)em que ela mal mamava num peito e abria o berreiro. Então, eu ficava tentando dar mais um pouquinho. Passava pro outro seio e tudo começava de novo. Era angustiante. Numa dessas, comentei com o Hugo que dar de mamar pra mim não era um prazer (tinha lido alguém dizer isso no Face..sempre o Face, né?) e sim um dever. Como eu disse antes, pretendia dar de mamar pelo menos até os 6 meses. Então, tudo aquilo fazia parte.
Lá pelo quarto mês as coisas melhoraram. Tudo foi ficando mais tranquilo. Voltei ao trabalho quando a Bel tinha 4 meses e meio. Então, eu tirava leite durante o dia (1x) e dava o peito pra Bel quando estava em casa, e ainda tirava mais uma vez antes de dormir. E ela levava o leite que eu tirava no trabalho para tomar na creche. Até o sexto mês, na verdade, tive uma colher de chá de trabalhar de casa meio período para ajudar na logística de tirar o leite. Funcionou. E eu ja sentia saudades daqueles momentos meu e da Bel. Parece que finalmente tínhamos chegado naquela cena do comercial de bebês...Aí, vieram os dentinhos. Oh, my God!!! Pensem em uma pessoa tensa! Aí pensei: Será que aguento?!?!? Aguentei. Levei umas mordidinhas, dei uns gritinhos (tô sendo bem light nessas descrições), mas aguentei firme. Era tão bom poder dar de mamar pra minha filha. Ainda mais quando estávamos na rua. Era como se eu tivesse um super poder. Tipo: Não temam! Deixa comigo! Eu resolvo! E então conseguia acalmar a Bel dando peito e carinho.Às vezes, ela nem tinha fome. Estava só inquieta, irritada. Eu colocava no peito e ela relaxava, dormia tranquila. Eu me achava mesmo. :-)
E assim fomos por mais 3 meses. E então, mais dentinhos! Mas, na verdade, eu andava percebendo que o leite estava diminuindo (dessa vez, de verdade!). Comecei a tirar leite mais vezes por dia pra ver se estimulava mais a produção. Eu sabia que se o leite demorasse muito a descer, o bebê ia ficando irritado e acabaria por preferir a mamadeira mesmo. Mas, enfim, veio então aquele sábado. Acordei como em qualquer outro. Trouxe a pequenina pro colo. Coloquei no peito e...nada. Ela pegava, apertava, com as mãozinhas e nada. Não que não tivesse leite. Tinha. Mas ela estava impaciente. Chorava, chorava e não queria mais peito. Eu pensei: Tudo bem. Isso já aconteceu antes. Pode ser irritação pelos dentinhos. Depois eu dou de novo.
Veio o depois. A mamada do almoço, da tarde, da noite e nada de ela nem se animar com o peito. OK. Pensei que ainda assim, em algum momento, ela mamaria no peito de novo. Continuei tirando leite no trabalho por mais 3 semanas. Até que não rolou mais. Eu tive que desapegar. A Bel tava lá, "linda e loira", feliz e sorridente. E eu, órfã. Repassava (e ainda repasso) 300 vezes a última vez em que ela mamou no peito. Se eu soubesse que aquela seria a última...ela não me deu nenhum aviso prévio. Eu tive que trabalhar isso em mim. Essa rejeição. Ai, tudo vira um drama! Já falei que a maternidade deixa a gente meio maluca mesmo.
Mas então, pelo menos consegui alcançar e passar da meta dos 6 meses. A Bel mamou no peito até um cadinho depois do 9 meses e mamou "do peito" até os 9 e 3 semanas. e sim, eu sinto muuuuuuuitas saudades.
P.S: Durante todo esse processo fiz uso de várias artimanhas. Por um período usei aqueles bicos de silicone protetores no seio. Depois, não. Depois, de novo. Era assim, ia experimentando de tudo pra não deixar a menina sem mamar. Sem falar nas posições que a gente troca tudo pra ver se alguma encaixa. E teve a fase da poltrona de amamentar, a fase da cama, a fase da almofada e por aí vai. E claro, os 300 vídeos no youtube e mais uma tarde no Bebê Vindo da Unimed sobre amamentação.

Um comentário:

  1. Marcy, chorei com essa parte do desmame e da ultima mamada... parece que tudo estah tao proximo pra mim... :(...

    O Arthur tb teve esses piti lah pelo terceiro mes.. mamava um cadinho e parava e abria o berreiro.. eu pensei que o leite tava acabando ou que ele tinha refluxo .. vixe pensei tanta coisa e nunca achei uma explicação pra isso... e esse pediatra? Tratamento de choque eh? kkkkk Tava bom o leite, Hugo???

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